Neste mês, Mato Grosso do Sul completa um ano de enfrentamento ao novo coronavírus. O primeiro caso de Covid-19 no Estado foi registrado no dia 14 de março de 2020. De lá pra cá, o Estado já registrou mais de 186 mil casos da doença e 3,5 mil mortes. Nos hospitais, uma rotina exaustiva fez profissionais da saúde se reinventarem e aprenderem a lidar com o luto, o medo e a frustração de um vírus que ataca rápido e impiedosamente.
A médica Tayna Sanches Santiago (CRM 7618/ RQE 5451) é uma das profissionais que trabalha na linha de frente contra a doença. Cumprindo plantões no atendimento em pronto-socorro, enfermaria de pacientes internados e na unidade de cuidados semi-intensivos em pacientes com Covid-19 do Hospital da Cassems, a especialista em clínica médica diz que o principal desafio que tem enfrentado diz respeito aos medos de pacientes de uma doença letal.
“Enfrentamos a limitação de espaço físico nos hospitais, da assistência sobre os sintomas pós-covid, que por ser uma doença nova, ainda traz muitas incertezas e ainda temos que lidar com o medo dos pacientes e familiares diante de uma doença que tem leva a óbito mais de 200.000 pessoas só no Brasil”, lembra.
A médica ainda menciona que os gestores hospitalares tem tido de enfrentar a dificuldade e necessidade de criar novos leitos de unidade intensiva, e montar equipes multidisciplinares para suprir esses novos leitos, além seguir recomendações e criações de novos protolocos de segurança.
O Hospital da Cassems, onde Tayna trabalha, foi reconhecido com o Selo de certificação Covid Free Excelence, destinado às entidades que realizam boas práticas de saúde, diante da qualidade no enfrentamento a doença. O hospital implementou uma tenda para atendimentos de pacientes com sintomas respiratórios, isolando tais pacientes dos outros que não tinham queixas respiratórias. Também aumento o número de médicos para suprir a demanda e cancelou cirurgias eletivas para abrir novas vagas em leitos e UTI.
“Foi levantado um hospital campanha na parte superior do hospital, que serviu como unidade de terapia intensiva. Cirurgias eletivas foram canceladas e salas cirúrgicas viraram leitos de UTI, deixando apenas o necessário para casos de emergência. Andares que antes funcionavam como enfermaria, foram adequados para serem leitos de unidade de semi-intensiva”, conta a médica
Para a rotina dos hospitais, a pandemia trouxe infinitas mudanças, como o uso intensivo de equipamentos de proteção individual, que antes eram reservados para procedimentos invasivos. “Tivemos que adequar alguns tratamentos e protocolos para não propagação do vírus. A Cassems adotou paramentação adequada para toda a equipe, montou protocolos para atendimento separado e suporte adequado aos pacientes com sintomas respiratórios. Foi implementado um fluxo de resposta rápida para paciente que necessitam de suporte ventilatório, além de mais leitos de UTI para suprir a demanda”, disse a médica.
Longe do fim
Tayna considera que o impacto do vírus a nível hospitalar é apenas um reflexo de como a população opta pelas medidas de distanciamento social, uso de máscaras e medidas de higiene. “Infelizmente nem todos seguem as orientações das equipes de saúde, auxiliando na propagação do vírus o que acaba gerando esse grande impacto na saúde”, lamenta.
Apesar de todos os desafios e de ainda estar longe do fim, para a médica, a pandemia deixar um aprendizado que vale tanto para a vida profissional, quanto pessoal. “Ficou evidente a nossa finitude, a nossa limitação diante de algumas intempéries. Tivemos que aprender a lidar com a frustração de um vírus que ataca rápido e impiedosamente. Fomos obrigados a aprimorar a empatia, a encarar o medo diário de se contaminar, contaminar familiares. E seguimos alimentando a fé de que iremos passar por essa pandemia”, finaliza.