Um estudo publicado pelo European Respiratory Journal registra pela primeira vez quais seriam as comorbidades da asma. Dentre elas figuram a inatividade física, o sedentarismo, a obesidade, a ansiedad e a depressão. O estudo foi liderado pelo professor Celso Carvalho, da Faculdade de Medicina da USP e contou com a participação da Universidade de Newcastle, na Austrália.
Para chegar à conclusão, o trabalho envolveu 296 pacientes com asma moderada a grave, sendo 243 do Brasil e 53 da Austrália. Os participantes eram, em sua maioria, do sexo feminino, com sobrepeso, baixa atividade física, alto tempo de sedentarismo e leve obstrução das vias aéreas. A maioria (68%) dos participantes tinha asma não controlada e 64% experimentou pelo menos uma exacerbação (crise) nos últimos 12 meses.
Ao todo, quinze comorbidades foram identificadas. Quase todos os participantes (98%) tinham pelo menos uma comorbidade e mais de 50% tinham mais de três comorbidades.
De modo geral, explica o professor, o que se viu foi que traços mais elevados de sedentarismo, o sexo feminino, a obesidade e sintomas de ansiedade foram associados a maiores chances de risco de crise.
“Este é o primeiro estudo a identificar grupos (fenótipos) com base em características tratáveis extrapulmonares em pessoas com asma moderada a grave”, ressalta Carvalho, professor de Fisioterapia Respiratória e Fisiologia do Exercício no Curso de Fisioterapia da FMUSP e pesquisador da asma há 20 anos. “Tratar as comorbidades é tão importante quanto tratar a própria asma. Tem que tratar as duas coisas ao mesmo tempo”, completa.
A asma é uma das principais doenças não transmissíveis. É uma doença crônica das vias aéreas dos pulmões que os inflama. No Brasil, em cada grupo de 100 pessoas, 13 têm asma – ou seja, cerca de 27 milhões de brasileiros.