“É um momento muito complicado, acho que estamos pelo menos num novo pico, me parece uma segunda onda muito importante”, resume a infectologista Priscila Alexandrino, sobre a situação da pandemia em Mato Grosso do Sul atualmente. O Estado registra 192.430 casos confirmados da Covid-19, mais de 3,5 mil mortes, números que revelam um colapso dos sistemas público e privado de saúde.
“Os hospitais voltaram a ficar cheios, tanto internações em enfermaria, quanto em unidades de terapia intensiva. Infelizmente, profissionais de saúde já estão cansados, porque estão há mais de um ano tratando internando paciente com essa doença. Então, a situação dos hospitais é bastante dramática”, explica a médica que atua na área de prevenção e controle das infecções relacionadas à assistência à saúde.
Segundo o boletim epidemiológico da Secretaria Estadual de Saúde, nesta sexta-feira (12), a taxa de ocupação de leitos por Covid-19 em Mato Grosso do Sul chegou a 105% em hospitais públicos e 98% na rede privada.
Especialista em doenças infecciosas e parasitárias, Priscilla explica que as únicas maneiras de conter o avanço da doença continuam sendo aquelas repetidas desde o início da pandemia. “São medidas que já estamos falando há mais de um ano: distanciamento social, higienização das mãos, as pessoas ficarem em casa. Não tem muito o que fazer em relação a isso, enquanto o vírus estiver circulando e as pessoas fazendo aglomerações, mais pessoas vão se contaminar e os hospitais continuarão cheios”, diz.
Já os dados do Vacinômetro do Estado indicam que apenas 5,14% da população do Estado receberam a vacina, 215. 946 doses foram aplicadas.
Conforme a infectologista, mesmo com a vacina, a baixa imunização colabora para a transmissibilidade da doença. “Parece que as vacinas são eficazes para as novas variantes, mas a gente ainda tem poucas pessoas vacinadas no contexto da população brasileira. A preocupação com as novas variantes é que elas são mais transmissíveis, portanto, vão pegar um contingente populacional maior e isso fará com que a gente tenha mais pessoas que necessitam de internação”, revela.
Para a médica, falta conscientização. “As pessoas precisam pensar no coletivo até que a gente possa ter um contingente populacional vacinado suficiente, para que a possamos retornar a uma normalidade. Em relação ao descaso de algumas pessoas, é triste. Porque essas pessoas podem não adoecer, mas vão levar o vírus para suas casas e os seus pais, seus avós, as pessoas que elas amam vão adoecer e muitas vezes não terão leito de hospital para ajudá-las”, adverte.
Descontrole
Nos últimos 21 dias, a média móvel de casos foi para 935,3 e de óbitos subiu para 21. Total de casos notificados desde o início da pandemia é de 620.149 e 3.563 mortes causadas pela doença.
As internações hospitalares bateram recorde no dia de hoje. São 821 pacientes internados, desses 452 ocupam leitos clínicos e 369 estão em leitos de UTI.
Os cinco municípios que registraram mais casos foram Campo Grande com 335 novos exames positivos em apenas 24 horas. A Capital tem 43% do total de casos do Estado, com 78.321. Em seguida temos Dourados com +145; Ponta Porã com +51; Três Lagoas +50 e Naviraí +43. A cidade de Bonito apresentou o número mais alto até hoje: 23 novos casos.
As mortes foram registradas em 13 municípios. A Capital registrou a morte de 10 pacientes; Sidrolândia 3; Dourados e Ponta Porã registraram 2 óbitos cada uma. Aquidauana, Aral Moreira, Corumbá, Deodápolis, Naviraí, Pedro Gomes, Paranaíba, Ribas do Rio Pardo e Três Lagoas tiveram um óbito cada.
A ocupação de leitos nas cinco macrorregiões do Estado continua alta. Campo Grande não divulgou o número de leitos porque não apresentou o total de pacientes internados sem Covid. Mas de acordo com o secretário de Saúde, Geraldo Resende, todos os hospitais públicos da cidade estão com mais de 100% de ocupação. A macrorregião de Dourados tem 95%, Três Lagoas 86% e Corumbá 71%.
O Estado está em quinto lugar em eficiência na vacinação, mesmo tendo recebido menos doses que os estados da região Norte do País. Foram vacinados na primeira fase 55,90% (primeira dose) e 27,8% (segunda dose).
Toque de recolher
O novo horário do toque de recolher tem validade de 14 dias, ou seja, segue de 14 a 27 de março, quando será reavaliada a situação epidemiológica da Covid-19 em Mato Grosso do Sul.
Durante o horário do toque de recolher, somente poderão funcionar os serviços de saúde, transporte, alimentação por meio de delivery, farmácias e drogarias, funerárias, postos de gasolina e indústrias.
Aos sábados e domingos, os serviços que não são classificados como de natureza essencial terão regime especial de funcionamento. Só poderão abrir e atender o público entre 5 e 16 horas.