Fevereiro marca o início do ano letivo no Brasil. Só que, em meio à segunda onda da pandemia, a volta às aulas de 2021 levanta a discussão sobre se as crianças devem ou não retornar às atividades presenciais.
O debate é complexo e envolve aspectos psicológicos, pedagógicos e de saúde. Por isso, especialistas estão longe de chegar a um consenso e os sistemas híbrido ou presencial facultativo vêm sendo adotados por muitas escolas —especialmente particulares.
Já se sabe que a covid-19 é menos letal nas crianças —a razão disso ainda requer análises profundas, mas estudos indicam que uma combinação de fatores no sistema imune infantil pode ser uma das explicações.
Mas, segundo Melissa Palmieri, infectologista e pediatra, a maior resistência dos pequenos, por si só, não garante que estejam livre de problemas caso fiquem doentes. Além disso, se infectadas, crianças podem contaminar pessoas do grupo de risco com quem convivem —e esse é um dos argumentos de quem pede mais tempo de escolas fechadas.
Quem defende a volta das aulas presenciais alerta sobre os danos do isolamento na saúde mental infantil e o déficit de aprendizagem que pode haver com o ensino a distância. Enfim, a discussão é ampla, só não maior que as dúvidas que a cercam.
Cuidados para se proteger do Covid 19 nas escolas:
- Não usar ar-condicionado e manter as janelas sempre abertas;
- Usar máscara o tempo todo, inclusive o professor;
- Disponibilizar álcool em gel nos ambientes;
- Limitar o compartilhamento de objetos como lápis e canetas;
- Se possível instalar divisórias de acrílico nas carteiras de cada aluno;
- Manter uma pessoa a cada quatro metros quadrados de área.
Impacto psicológico deve ser analisado
Um dos aspectos mais citados por defensores do retorno às escolas é o impacto psicológico gerado pelo longo tempo de isolamento social nas crianças. Uma pesquisa feita pelo NHS (serviço nacional de saúde inglês, apontou uma alta de 20%, em 2020, no número de jovens encaminhados para serviços de saúde mental na Inglaterra.
"As transformações no ambiente familiar e escolar, com afastamento de amigos, familiares e professores, falta de espaço em casa e, em alguns casos, perdas financeiras, aliadas à incerteza quanto ao fim da pandemia e o receio de infecção, podem causar hipervilância, estresse, estresse pós-traumático, catastrofização (pensar negativamente sobre o futuro) e depressão", diz Luciely Pontes, psicóloga especialista em atendimento infanto-juvenil.
Diante de todas as mudanças nas rotinas das crianças provocadas pela pandemia, cabe a pais e educadores ter cuidado e trabalhar as incertezas. "Esse cenário familiar consiste no espaço seguro das crianças, onde aprendem a se autorregularem; a serem seguras, independentes, resilientes e compassivas."