Pesquisadores descreveram três novos roedores-de-espinho para a ciência e para a rica biodiversidade da Amazônia brasileira. Os pequenos animais foram descobertos a partir do estudo de exemplares de coleções de 15 museus nacionais e internacionais, associado ao sequenciamento do DNA e dados citogenéticos. As três espécies ocorrem em locais diferentes do sudeste amazônico, mas todas apresentam aparente endemismo, ou seja, estão restritas a apenas um local.
Pequenos, com comprimento do corpo que varia entre 6,2 e 7,7 centímetros – menores que uma caneta – os três roedores pertencem ao gênero Neacomys. Os animais têm como característica principal seus pelos em forma de espinhos.
Um deles, o Neacomys marajoara, ganhou seu nome por ter sido encontrado até o momento apenas na Ilha do Marajó, no Pará. Já as outras duas espécies de roedores recém-descobertos, batizados de Neacomys xingu e Neacomys vossi possuem ocorrências restritas a dois centros de endemismo marcados pelos grandes rios amazônicos, enquanto o primeiro foi registrado apenas entre os rios Xingu e Tocantins, o segundo ocorre apenas entre os rios Tapajós e Xingu.
O artigo com a descrição das três espécies foi publicado pela revista American Museum Novitates, do Museu de História Natural de Nova York. O estudo é assinado por pesquisadores do Museu Paraense Emílio Goeldi, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e da Universidade Federal do Pará (UFPA).
Para chegar às descobertas, os pesquisadores analisaram materiais de cinco coleções científicas brasileiras e de dez coleções localizadas na Europa, Estados Unidos e Canadá.
Parte da área do estudo, o sudeste da Amazônia, foi escolhida justamente por ser uma região nunca incluída nesse tipo de revisão sistemática, nos níveis molecular e morfológico, para o gênero Neacomys. Uma quarta espécie se encontra em processo de descrição, e outras duas já foram reconhecidas pelo mesmo grupo de pesquisadores. Todas as seis estão distribuídas na Amazônia brasileira.