Aos poucos, os primeiros dados da recente pesquisa do Data Favela revelam o impacto das Fake News na saúde pública brasileira. A desinformação e a distorção dos fatos em benefícios escusos estão tirando a vida de muitas pessoas de maneira covarde e avassaladora.
Segundo a CUFA - Central Única das Favelas, em parceria com o Instituto Locomotiva e o Data Favela, 31% dos entrevistados nas favelas do Rio de Janeiro temem que a vacina faça com que eles contraiam o Covid-19. Um exemplo de morte com influência indireta das fake News ocorreu com a enfermeira Priscila Veríssimo, de 35 anos, no dia 24 de fevereiro, em Arapicara (AL), após reinfecção da COVID-19.
Ela se recusou a tomar a dose de CoronaVac, a vacina chinesa, a que tinha direito por ser profissional da saúde. Apoiadora de Jair Bolsonaro (sem partido), ela compartilhava frequentemente vídeos do presidente na conta do Facebook, contendo grande conteúdo de desinformação.
Priscila era funcionária do Complexo Hospitalar Manoel André (CHAMA) e já havia sido infectada uma vez. Por isso, achou que não pegaria a doença novamente e, seguindo o raciocínio do presidente, tinha dúvidas quanto à eficácia da vacina chinesa.
O hospital demitiu a enfermeira por ela se recusar a tomar a vacina e, alguns dias depois, ela pegou a doença novamente. Com complicações do novo coronavírus, Priscila morreu deixando um filho de 2 anos.

A mentira mata.
Na pandemia do coronavírus, as fake News e a desinformação causada por diversas fontes duvidosas provocam estragos no combate ao verdadeiro inimigo, o vírus, expondo pessoas a risco e acarretando até mesmo casos fatais como no caso de Priscila.
A CUFA ainda divulgou que 22% das pessoas entrevistadas nas favelas tem medo de que a vacina altere o seu DNA ou instale um chip no seu próprio organismo.
Segundo cientistas e sociólogos da Organização Mundial de Saúde, no Reino Unido o fenômeno das fake News foi mais acentuado nos primeiros meses de pandemia e continua forte no Brasil e nos Estados Unidos. Ele tem ocorrido nos três países de forma muito semelhante e parece estar ligado ao surgimento de movimentos de extrema direita.
No Brasil, os pesquisadores encontraram um “enorme cardápio de desinformação”, que vai desde a defesa do isolamento vertical até o uso de cloroquina e de vermífugo para prevenir a doença.
Não por acaso o Brasil é um dos países que menos sucesso teve no achatamento da curva epidêmica.
