O Ministério Público do Trabalho (MPT) reiterou neste domingo, 14, que a Ford só poderá encaminhar a demissão em massa dos trabalhadores da unidade de Camaçari, na Bahia, após o fim das negociações coletivas. O documento emitido pelo Grupo Especial de Atuação Finalística (GEAF) é uma resposta à decisão da Justiça do Trabalho da 5ª Região (Bahia), que determinou que a montadora encaminhasse os desligamentos sem que as tratativas com entidades que representam os trabalhadores estejam esgotadas. De acordo com os procuradores, a liminar apenas esclarecia alguns aspectos do acordo, como permissão à empresa de dispensar individualmente os trabalhadores na hipótese de algum deles cometer justa causa, além de suspender a decisão que determinava à Ford que apresentasse dados de toda a rede contratual impactada pelo anúncio de encerramento abrupto de suas atividades no país. “O Grupo Especial de Atuação Finalística (GEAF) reafirma o compromisso de envidar esforços e adotar ações para minorar o grave impacto social do anúncio, com a perda estimada de cerca de 120 mil postos de trabalho, entre empregos diretos, indiretos e induzidos, e informa que está estudando os recursos a serem interpostos na ação, além da adoção de outras ações em resguardo aos interesses dos trabalhadores e da própria sociedade brasileira”, afirmou o MPT.
A Ford anunciou em janeiro que encerrará as suas atividades no Brasil em 2021 com o fechamento das fábricas em Camaçari (BA), Taubaté (SP) e Horizonte (CE). Serão mantidas no país apenas as operações do Centro de Desenvolvimento de Produto, na Bahia, o Campo de Provas, em Tatuí (SP), e sua sede regional em São Paulo. De acordo com o comunicado, as atividades nas fábricas da Bahia e São Paulo serão fechadas imediatamente, “mantendo-se apenas a fabricação de peças por alguns meses para garantir disponibilidade dos estoques de pós-venda”, enquanto as operações da montadora no Ceará e estenderão até o último trimestre deste ano. As atividades no Brasil serão absorvidas pelas fábricas da companhia no Uruguai e Argentina. “Como resultado, a Ford encerrará as vendas do EcoSport, Ka e T4 assim que terminarem os estoques. As operações de manufatura na Argentina e no Uruguai e as organizações de vendas em outros mercados da América do Sul não serão impactadas”, informou a empresa em comunicado.