Março sempre desperta os olhares para as mulheres, e o que é visto nem sempre é agradável, doce e terno como deveria ser ao nos referirmos a elas. Infelizmente a violência contra a mulher ainda é alarmante no Brasil e precisa urgentemente ser combatida por todos.
Nos primeiros dois meses de 2021 mais de 160 mil casos foram deste tipo de crime foram notificados, cerca de 8,5 mil pessoas presas, 45 mil denúncias apuradas e cerca de 56 mil inquéritos de violência contra a mulher instaurados em todo o país, segundo dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Dentre as ocorrências são destaque as ameaças, tentativas de feminicídio, lesão corporal, descumprimento de medidas protetivas, estupro e importunação. Violência doméstica e os crimes de ordem sexual são os mais denunciados pelas mulheres. Isso tudo em apenas dois meses.
Porque ainda existe violência contra a mulher
“Porque não obedeceu ao pai, ao marido. Porque não gostou da cantada – na verdade assédio – que recebeu na rua e foi confrontar. Porque alguém se sentiu no direito de assediá-la na rua por conta do comprimento da sua saia. Porque alguém sentiu o direito de forçá-la a fazer sexo contra a sua vontade e consentimento. Porque não aceita ser submissa, quer sair para estudar, trabalhar, ser independente.” Essa pergunta pode ter milhares de outras respostas, cada mulher violentada tem uma história similar a relatar.
A violência contra a mulher acontece, principalmente, por um lugar social menor dela frente ao homem. Diz-se que são papéis assimétricos. A mulher na história ocidental é colocada como submissa e não como a provedora, como a pessoa que sustenta a casa, como a pessoa que pode ser independente. O sistema social é o do patriarcado, que significa que a figura do homem é enxergada como a que sustenta a família e paga as contas.
Machismo
Fora isso, há também características intrinsecamente atreladas à imagem do homem, como a demonstração de força, de ser uma pessoa incisiva, determinada e corajosa. Já a mulher é vista como sensível, neutra, delicada, passiva; tudo o que reforça uma ideia de fraqueza. Essa imagem social, concebida pela maioria das pessoas como algo verdadeiro, reforça a ideia de superioridade do homem sobre a mulher. A ideia da submissão feminina é, pois, um dos motivos pelos quais as mulheres são tratadas com desprezo, discriminação e preconceito.
A violência sofrida pela mulher pode refletir em numerosos traumas e doenças durante sua vida. Em fatos sutis, como não se sentir apta a estudar porque é considerada inferior, a buscar um futuro melhor ou ir em busca de independência. Pode gerar incapacidades, como a de não conseguir expressar suas opiniões na casa da família, ser silenciada frente a outras pessoas ou menosprezada por ser mulher. Tudo isso é reflexo da violência.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) demonstra a necessidade em descobrir os autores dos crimes cometidos contra as mulheres, a fim de criar um ambiente melhor para a vida feminina. O impacto da violência da saúde pode ser demonstrado também por doenças como depressão, ansiedade, estresse pós-traumático, suicídios, gravidez indesejada, resultados adversos nos bebês, transmissão de infecções e aids.
Desde 1979, a ONU criou a Convenção das Nações Unidas sobre a eliminação de todas as formas de discriminação contra as mulheres, que foi assinada pelo Brasil e por diversos países que assumiram tal compromisso. Todas as formas de violência contra a mulher são prejudiciais para o desenvolvimento da mulher em diversos âmbitos.
O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos divulgou no último domingo (07/03) o balanço de dados sobre violência contra a mulher dos canais de denúncias do governo. Em 2020, foram 105.671 denúncias de violência contra a mulher registradas nas plataformas do Ligue 180 e do Disque 100.
Com informações da OSC Politizese e CNN Brasil.